… ruralizando!!!...
... estradas sinuosas de difícil condução,
estreitinhas, de fazer impressão,
ladeadas por vinhedos, silvados,
movimento escasso, vistas cerceadas,
aberturas fugazes, lá no alto agreste,
projecto que seguiste, assim o quiseste,
conduzido, não conduzindo,
por ali, vales, serranias, indo,
apreciando entorno, pensando,
quão prazer sentia, alguma aflição,
por caminho que se prolongava,
tão estreito, empedrado,
alguma incomodidade, paragem na estrada,
inversão naquele ermo,
sossegado,
nenhuma alma de DEUS, tudo parado,
verdes de encanto a perder de vista,
sufoco, por vezes,
apertado,
lotação completa na viatura,
assim recordo, quase aventura,
encontravam, esporadicamente,
estradas mais alargadas,
cruzamentos,
mais confortável se tornava a caminhada,
algumas casas, centros buliçosos,
café,
numa pausa, num mastigar,
mitigando a fome,
comendo por comer, com vontade também,
sentado na esplanada, contemplando o rio,
ali ao pé, barcos, barquinhos,
gentio,
restos de festa rija,
prolongamento até ao outro domingo,
informado por transmontano,
sentado perto de mim, alentejano,
quanta conversação,
irmanados,
quanta recordação,
jovem ainda, para a minha idade,
tempo de ultramar, realidade de então,
ainda a sinto,
quando a sinto, quando a falo, quando a partilho,
trago-a comigo,
entrecruzamos experiências, bem vivas,
concretas,
tristes acontecimentos, boas e más conversas,
mortes inesperadas,
bons e maus bocados,
falados, falados,
anitos perdidos numa África que era nossa,
causou tanta mossa,
transmontano, tal como eu,
quando aberto, nunca mais se cala,
quando fala, fala,
bom momento,
pausa da viagem alucinante,
incómoda, pelos socalcos,
empedrados,
por montes, vales, serranias, levados,
vinhedos que se sucediam, quão verdes,
apetitosos,
prometedores, formosos,
sorrisos, aperto de mão forte,
como gosto,
saúde e sorte,
até um dia, pouco provável,
pausa saudável,
retomamos a viagem,
desviamos por estradas duvidosas,
estreitas, terra batida,
estreitas, de arrepiar, alapados, sem vistas,
vinhedos e silvas,
granitos de vulto, muros de pedra solta,
outros caminhos, veredas,
sossego, marcha calma, cuidadosa,
nem uma agulha bulia,
sem gente, sem casa,
resfolegar constante do motor do carro,
incomodidade que me fazia pensar,
um não mais acabar,
interrogação,
um engano, um olhar de soslaio,
quase a pique, quase que caio,
nervos de aço, intenção,
GPS em acção,
ajuda de que desconfiávamos,
tempos de recolhimento
no banco traseiro, amolgado,
ar de enfado,
ruído das pedras, projectadas pelos pneus,
na chaparia baixa da viatura,
vai que não vai, fura que fura,
tortuosos, mal amanhados,
quase labirinto escondido por verdes,
destino tão certo,
tão longe, tão perto,
interrogação constante,
até que, num repente, num instante,
portão trabalhado, placa metálica ostentatória,
piso mais normal, uma curva,
eis senão quando, num terreiro alargado,
bem no cocuruto,
edifício de vulto,
casa aburguesada, escadaria de granito trabalhado,
mantendo traça de antes, agricultor que vendeu,
vitinicultor passado,
assim me pareceu,
fim do calvário, destino atingido,
ruralíssimo objectivo,
turismo sossegado, lá em cima, lá no alto,
vista grandiosa, abrangência magnífica,
cá fora, depois da entrada,
dos requisitos,
piscina de Verão, de Inverno,
ginásio, banhos turcos, acrescentos mais recentes,
esplanada,
manutenção de algum mobiliário de origem,
um que outro recanto, biblioteca antiga,
lareira, mesa dos serviçais, quartos com todas as valias,
bem no centro da vinha, maravilha, encanto,
moderno, casado com velharias,
restauração de vários sabores, requintada,
fim da jornada!!!... Sherpas!!!...