... mãos... abençoadas!!!...
... imerso em seus pensamentos, vastidão tão plana,
pontuada, aqui e além, por pedregulhos enormes de granito,
radioso, iluminando campina alentejana,
bem no alto, a meio do seu percurso, apenso a planeta rotativo,
astronauta viajante, circundante, enamoramento dependente,
energia imensa, afloramento que nos conduz,
produz,
estrela que foi DEUS, que nos encanta,
reduz,
neste sistema que teima, permanece, aquece,
proximidade adequada, cataclismos esporádicos,
hecatombes cíclicas, intervalos que são vidas,
criação de qualquer génio, perdição,
numa ânsia desabrida, numa espera,
busca incessante, obra perfeita, cascalho, água, orvalho,
maravilha, sons harmoniosos, pedaços da boa TERRA,
silêncios que nos fazem pequeninos, infinitos,
sem objectivo definido, vazio, interiorização profunda,
sem destino, olhando linha do horizonte,
claridade que tudo inunda,
natureza pujante, pinceladas de sublime pintor,
que profusão, quanta cor,
sussurro débil, aproximação,
hesitante, coloca suas mãos, face rugosa, conhecida,
lá longe, início da campânula azul brilhante, sem nuvens,
acalma, pára, direcciona olhar, sua alma cativa,
memória desperta, sua função,
oficina escondida numa colina, barracão,
atelier, estúdio, projecção,
criação, criação, criação...
na pedra, bloco informe, união,
quando o aclamam, premeiam,
multidão de apoiantes, olhos revirados, admiração,
galerias pejadas de obras já feitas,
inquietação,
toda e qualquer exposição,
êxitos que se prolongam, conhecimento tão denso,
mestre lhe chamam... assim o penso,
falha que sente, culminante achado, não convencido,
ainda perdido,
planura, silêncio, azul carregado,
sol intenso,
pedregulhos enormes no chão,
face rugosa que sente sob a sua mão,
sussurro prolongado, chamamento, intuição,
e, sem mais pensar, leva pedra bruta, granítica,
para o seu estúdio, tendo um toque, um resplendor,
imagética que o encaminha, projecção que futura,
agarra num malho, bem grande, pancada rítmica,
esfrangalha o bloco, pedaços... um ror,
olha, avalia, escolhe um, com ternura,
coloca na banqueta, com cinzel apropriado,
no sítio certo, vai modelando, dando forma,
encantado com o achado,
dedica-lhe tempo imenso, mão segura, abençoada,
descobre o que procurava, perfeição que buscava,
arte pura em pedra tão dura,
ofuscação, perante,
mestre de obra completa, inspiração,
cálculo que dá certo, sorriso aberto,
realização,
Paraíso ou... Inferno de Dante,
consoante, consoante,
dotado, tendo magia no corpo, como tantos outros,
vários misteres, pessoas invulgares, completas
que fazem, da vida, doce sabor, oferecendo o que melhor têm,
cativando ouvidos, olhos sensíveis, sabores apetecidos,
artistas de pleno direito, mestres do saber fazer
perante gentes menores, sem dom, mais aquém,
gratos, reconhecidos pelo que podem ouvir, ver,
classes privilegiadas, pintores, desenhadores,
além de muitos outros, escultores,
cineastas, dramaturgos, escritores,
músicos que nos extasiam com suas melodias,
boa presença, encanto, quantos e quantos cantores,
aliviando tristezas, dando folganças, alegrias,
nos seus feitos, composições, obras e fantasias,
artesanos, campestres, trabalhos duros,
alimentos com que nos brindam, sadios e puros,
plêiada de gente boa, criativa, bem formada,
que do nada fazem tudo, melhorando este MUNDO,
entregando o que levam dentro, indo ao âmago, bem ao fundo,
compondo boa harmonia,
numa cacofonia que me confunde,
predadores da coisa perfeita, misturados, bem no alto,
dentro de dantesco buraco, na natureza, um socalco,
vómito que não enobrece, destruindo aquilo que esquece,
irascíveis, feros, sangrentos, raivosos, tão imundos,
nódoas que o desfeiam, quando matam, incendeiam,
entre um PARAÍSO infinito e um... INFERNO dantesco,
não sendo artistas de peso,
diabinhos... nada pitorescos!!!... Sherpas!!!...