... grandes... portugueses!!!...
… busca-se o grande português, com uma certa avidez… programa de pesquisa intenso, quando o olho, quando o penso, buscando por entre a brumas do passado, carregados que estamos de mártires, de heróis e de santos, cronistas de época, escritores e poetas, juntamente com certos vilões que, por ínvias razões, se fizeram de poderes, de dinheiros, tão ligados que estão, amalgamados por inteiro… mais milhão, menos milhão, maior a imposição, maior a deferência, o respeito, a subserviência por parte de quem não os tem!!!… Busca-se o embevecimento apalermado, a prostração, o respeito total!!!... Procura-se um EXEMPLO, vários… necessários para esta sociedade que se vai destruindo, sem valores alguns!!!...
… pouco vejo essa aberração que se passa na televisão estatal, espécie de concurso reduzido, de consenso diminuído, de debate controverso, consoante o share de momento, a participação dos que vêem, ainda mais porque, no seio de qualquer POVO… à falta de gentes dessas, por descréditos, desconfianças, por enovelamentos constantes, por desilusões que se sucedem, não passa duma ideia momentânea, duma chalaça, entre tantas outras, duma graça que ocorreu a alguém, levado pelo que viu no exterior, num outro País europeu ou terceirista, quiçá!!!...
… alguém se lembrou de espargir névoa imensa na cabeça de quem não pensa, como se tratasse duma ficção novelística qualquer, encontrar uma espécie de super-homem, um farol que nos ilumine, que nos dê uma razão plausível, bem crível, para superar tempos de crise, de toda a espécie, dado que somos atreitos a elas, com uma facilidade dos diabos… eufóricos, entristecidos, alçados, diminuídos, com uma velocidade incrível, tanto aplaudimos delirantes, como vociferamos depreciando, está connosco, somos assim!!!...
… por sondagem, por eleição, por concurso, por participação televisiva… de todas as épocas, de entre os mortos, bem mortos, lembranças baças que prevalecem, que esquecem, sobre as que se escreveram palavras altissonantes, disparates de loucura, feitos de todo o tamanho… de espantar, humanos que foram, com qualidades e defeitos, depois de devidamente burilados, quedaram nos anais da história, bem destacados, como fazedores e feitores de muito que não fizeram!!!...
… obras doutros, dos que deram o corpinho ao manifesto, dos que penaram amarguras e sofrimentos, massa anónima das guerras que cometeram, das navegações que realizaram por essas águas profundas, desconhecidas e tenebrosas, dos convencimentos que espalharam por outras gentes através do verbo, da palavra e do exemplo… algumas vezes, usando e abusando do chicote violento que impunham, massacrando e matando a contento!!!... Outros hábitos, costumes e atitudes plenos de virtudes, com muitas fogueiras pelo meio, ocasiões mais obscuras, confusas, bem difusas… orquestradas por confissões com cúria, inquisição da altura, perseguições aflitivas, medonhas pelo que praticavam!!!...
… séculos de conturbadas situações, com altos, com baixos… desde que por aqui nos unimos, nos constituímos como Nação, vai para oitocentos e sessenta anos, um pouco mais!!!... Foram muitos os portugueses que foram grandes, foram bastantes… quase sempre ignorados, lembrados depois de mortos, sina deles, doutros que surgirão, com excepção dos que se glorificam a eles próprios, aos mais próximos… com efusão!!!...
Fomos acostumados a aplaudir os que se distinguiam por posições sociais, reis e rainhas, fidalgos azulados… alguns padres eruditos, filhos dos ditos, mas por interpostas pessoas, por poetas insatisfeitos, mais audazes, muito capazes de depreciar o que viam, de enaltecer valentias, belezas e terras em que viviam, sentimentos que possuíam, pintores e escultores de artes soberbas, nas pedras, nas telas… estátuas, rendilhados, cores trabalhadas, escritores de época, narradores do que se fazia, cronistas, dramaturgos, cantores prosaicos, trovadores lhes chamavam, entreténs tratados com desdéns, em reduzido número, porque homens de jeito… não eram cultos, eram de guerras, tinham terras e castelos, fortunas amplas, imensas panças, mais olhos do que barriga, tal como agora quando juntam imensos pecúlios!!!... A cultura era coisa de cleros e afins, mais de monges conventuais e pouco mais… por curiosidade, os outros, lá foram aprendendo, modificando um pouco e, como se nada… tivemos um Dinis que fazia cantigas de amigo, um Duarte que foi eloquente, daí para a frente tudo se alterou, filho de rei de boa memória, de João e de Filipa… um dos que formaram a geração mais nobre, a ínclita, pois então!!!...
… tivemos gentes grandes e… pequenas, como todos os Países que se conhecem, tivemos estórias e lendas de pasmar, tivemos contos e fantasias, tivemos, como temos… um POVO abnegado e sofrido que tudo aguentou, que aguenta, ainda!!!... Tivemos santos e guerreiros, heróis… às vezes, alguns Marqueses, assassinos cruéis, reis passados, enlouquecidos, majestáticos e convencidos… erráticos, lunáticos, mais populares, descrições de maravilha, quando escritores de ponta fina os definiram como sentiam, falando também… de todas as maravilhas desta terra, de todo um povoléu esquecido, tal como agora!!!...
… muita pretensão, ainda mais na televisão estatal, com a intenção de animar o pessoal, de levantar o astral… votar num grande português, numa época com falta de valores éticos, dignidade que se não visualiza, sequer, é arriscar muito, é brincar com Portugal, com os portugueses, em geral!!!... Que parâmetros escolher, que modelos a seguir… adeptos do desporto, dos futebóis em particular, escolherão figuras relacionadas com essa actividade, gentes que vivem para o dinheiro porque o têm, porque o estudam, vivem dele e para ele, inclinar-se-ão por economistas que provaram, quantos políticos não serão escolha dos que ainda acreditam neles (???...), poetas e escritores que nos fazem pensar, que nos fazem sonhar, quando lidos… serão também escolhidos, com tantos extraordinários de sucesso, ligados aos capitais, aos teres e haveres, com fundações, quantas ilusões na cabeça dos que os admiram… ao Zé da esquina, nem por capricho, por rinha, mesmo merecendo, vão-nos esquecendo, com as televisões, novelas em barda, locutores, opinadores… serão escolha também, figuras passadas, fracas memórias, quase desconhecidas… quando esquecidas, desconhecidas até, ministros e presidentes, mesmo presentes… não ocorre a ninguém, andam por baixo, não juntam consenso!!!... Escolha difícil, passatempo insano… infrutífero, penso!!!... Grandes portugueses, quanto a mim… os mais pequenos, os indefesos!!!...
… os grandes, consoante se pensam… já se bajularam a eles próprios, quando se medalham, se mencionam, se escrevem, se projectam no futuro, bem curto, enquanto vivem, quando se pavoneiam, às vezes!!!... Alguns de grande calibre, com estátuas levantadas… como preito e gratidão, ainda em vida, pois então!!!... Grandes portugueses… está aberta a discussão!!!... Sherpas!!!...
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